(Salvador Lamberty/Valdomiro Maicá)
eu sou crioulo, sangue africano
de pele negra, com muito orgulho
trago verões de muitos janeiros
retemperado nos frios de julho
já fui do engenho, fui usineiro
de potro xucro eu levei tombos
já fui escravo, minha alma não
ergui meu mundo pelos quilombos
sou africano, sou gaúcho e brasileiro
vim para o pampa e aqui eu sou feliz
dois continentes em mim presentes
eu ajudei a construir o meu país
eu sei da arte, tenho gingado
neste meu canto eu trago afeto
do preto velho lá das senzalas
eu tenho o sangue, pois sou bisneto
fui farroupilha, lanceiros negros
carrego anseios de liberdade
não quero esmola nem prepotência
eu tenho as luzes das faculdades
sou africano, sou gaúcho e brasileiro...